Pensa que viajar pra Europa é só glamour? Veja os perrengues!

Apesar de todos os perrengues, valeu cada minuto. Bruges, Bélgica. Acervo pessoal de Raquel Milagres de Mattos

Oi, gente!

Quem já planejou ao menos uma viagem na vida sabe que nenhuma delas é completa se não tiver pelo menos um perrengue, né? Nós tivemos vários!

No post passado, onde eu falo sobre os gastos de planejamento que não te contam, eu comentei que tive muitos gastos relacionados a esses pequenos contratempos que, na maioria das vezes, não tinha como prever. Mas em outros, podem ser evitados e o seu dinheiro não vai pelo ralo…

Existem vários significados para a palavra perrengue, mas a que me refiro aqui é aquela situação de difícil solução, aquela que vem atrapalhar ou dificultar seus planos (no nosso caso, a viagem).

Vale lembrar que o período relatado aqui se refere aos dias 1, 2 e 3 de novembro, outono na Europa e com muitos dias de chuva.

É claro que todos esses perrengues poderiam ter sido evitados, pois foram falta de atenção da minha parte no planejamento, mas mesmo assim, fica como lição para vocês!

  1. Paris Bercy

Para quem não sabe, a Paris Bercy é uma estação de trens e ônibus que sai a partir do 12º arrondisement de Paris, com vários destinos, inclusive internacionais. Eu não sei se foi falta de sorte ou de conhecimento, mas ela tem duas entradas: uma em cima para os trens e uma embaixo para os ônibus, que era o nosso meio de transporte. Mas naquele dia em que íamos de Paris para a Bélgica, eu não sabia disso. E isso foi um inferno.

O motorista do Uber que nós pegamos, nos deixou lá (em cima) e foi embora. Só que esse dia se parecia com um dia de filme: três mulheres, seis malas, escuro e, claro que não poderia faltar, a chuva. Muita chuva. É. É isso mesmo. Se você pensa que era o cúmulo, ainda tínhamos um horário de ônibus apertado, um lugar que a gente não sabia onde era (ninguém sabia explicar) e um taxista querendo nos cobrar 20 euros para levar a esse lugar – que não poderia ser longe, já que a estação estava certa. Ainda perguntamos para pessoas dentro da estação e eles nos disseram que tínhamos que ir a pé, dar mesmo uma volta, que levava cerca de 20 minutos, aaaahhhh. Não, por favor! Por fim apareceu um outro taxista e, com muita conversa através do Google Tradutor, ele nos levou até lá. Mas não até láááá…. Até lá.

Então, ele nos levou até onde deu, pois tinha uma parte em que ele não poderia ir  e descemos nós, nossas malas, nosso bom humor, na chuva, no escuro, com pressa. Andamos um trecho que não era uma calçada, mas um pedaço da rua, junto com os ônibus, mas pelo menos estávamos no caminho certo! Amém!

Depois de todo esse suspense, conseguimos achar o ônibus e embarcar rumo à Bélgica. A viagem foi relativamente curta, tranquila e enfim chegamos. Pegamos um táxi, descemos na porta do hotel e então….

2) O hotel na Bélgica

Esse foi um “fora” que eu mesma dei quando estava fazendo o planejamento. Na verdade, esse é um perrengue dois-em-um (passagem vs. hospedagem). Já havíamos comprado as passagens e então tínhamos que encaixar os passeios naquelas datas e escolhemos a Bélgica como um dos nossos últimos destinos (ainda retornaríamos a Portugal para pegar nosso voo de volta, pois claramente eu não sabia fazer um stopover e pegar o avião de volta a partir de Bruxelas). Mas o que vem a seguir é ainda mais comprometedor para o nosso orçamento.

Quando chegamos em Bruxelas, depois de todo aquele perrengue anterior, fomos ao “nosso” hotel e digo “nosso” entre aspas, pois o que se sucedeu a partir daí não foi nenhuma sensação de pertencimento.

Assim que chegamos na recepção (três pessoas e várias malas) e eu entreguei os papeis da reserva, a moça do hotel olhou para mim e para as malas e falou: “são vocês três? Pois só tem reserva para uma pessoa”. Eu disse: “não, são três pessoas por três noites”. De cara eu pensei: “ou meu inglês está tão ruim que eu estou entendendo tudo errado ou o inglês dela é péssimo”. Mas não era nenhuma dessas opções.  A verdade é que eu só havia feito reserva para uma pessoa mesmo! E a partir daí eu entrei em desespero. Imagina você chegar em um país que não fala a sua língua, com mais duas pessoas e várias malas e descobrir que você não tem onde dormir! E claro que, para completar a cena trágica, ainda chovia (sim!). Quando disse que iríamos para um outro lugar que nos acomodasse, ela disse: “OK, mas vocês ainda têm que pagar o restante”. Nesse momento eu pensei: “se teremos que pagar, então é melhor aproveitar. Vou deixar minha mãe aqui com as malas e vou com minha tia para outro lugar”.

Perguntei então para a moça do hotel (muito simpática, só que não) se haveria algum outro hotel, pousada, albergue – qualquer coisa – para que eu e minha tia pudéssemos ficar (já que ela não tinha mais quartos disponíveis), e ela nos indicou um hotel próximo e um albergue da juventude, bem próximo também. E lá fui eu bater de porta em porta para arrumar um quarto. Por não ter quartos disponíveis no hotel, acabamos por ficar no albergue. O rapaz da recepção se solidarizou com nosso caso e fez um sistema bem curioso: cada noite dormiríamos num quarto diferente. Lembrando do nosso post anterior, que falava sobre os custos inesperados, morremos em 27 euros por noite (81 euros) a mais do que esperávamos. Mas melhor assim do que não ter aonde dormir ou ficar muito longe de onde minha mãe estava, pois como tínhamos passeios marcados, não precisávamos ficar gastando com transporte público ou com …

Um Madonna de Michelangelo em Bruges, no meio da reforma da igreja. Acervo pessoal de Raquel Milagres de Mattos
  • Táxi vs. Uber

Esse tópico é mais polêmico, já que em termos de economia qualquer pessoa poderia dizer: “Uber, lógico”, mas as coisas não funcionam bem assim. Como eu disse no primeiro item, o que nos salvou em Bercy foi um táxi. Às vezes, em locais que você não pode esperar muito por um Uber ou não sabe exatamente onde está (e o GPS não te localiza), etc, um táxi te salva (considerando que o transporte público coletivo não seja uma opção, ok?). Mas teve uma situação específica que o táxi foi o que tinha e ficou muito caro.

Estávamos – enfim! – indo embora da Bélgica para voltarmos para o nosso querido Portugal (e dali voltarmos ao Brasil) e precisávamos ir ao aeroporto. No dia anterior eu e minha tia fizemos tudo o que foi possível para descobrir se havia um ônibus que nos levasse ao aeroporto, mas apesar de muitas buscas, perguntas sem respostas e gasto de sola de sapato, não conseguimos descobrir. No dia da viagem, eu entrei no app do Uber e …. Não havia nenhum disponível na área para nos levar ao bendito aeroporto. O desespero bateu, pois a gente não pensa nessas coisas. Não mesmo. Sempre pensamos que tudo vai dar certo e não temos plano B, como um outro aplicativo. Solução? Táxi. Valor: 50 euros. Eu queria chorar. Mas chegamos e deu tudo certo até chegarmos em Portugal. Adivinha? Perrengue!

Esse foi um perrengue opcional (daqueles que minha mãe diz “o barato que saiu caro”), mas a vontade de não gastar mais dinheiro desnecessário foi maior. Pegamos o metrô na saída do aeroporto em Lisboa (sim, é muito tranquilo fazer isso) e chegamos na estação que, tecnicamente, ficava próxima ao hotel em que nos hospedaríamos. Tecnicamente.

Famosa fonte com a estátua do Manequinho em Bruxelas. Acervo pessoal de Raquel Milagres de Mattos

Assim que descemos do metrô, usei o Maps e vi que estávamos a cerca de 1 quilômetro de lá. “Vamos a pé? Vamos”. E fomos. Só que esse 1 km não era tão generoso assim. Além de estar mais distante do que realmente dizia, ainda tínhamos umas subidas (não tão íngremes, mas lembre-se que Lisboa é a cidade das Sete Colinas) e, claro, garoava. Estávamos em novembro, afinal de contas. Meio do outono na Europa. Uma chuvinha leve, que depois passou, mas foi o suficiente para nos arrependermos. Mas já que estávamos na rua, assim continuaríamos. Pelo menos o hotel foi bom (apesar de nos deixarem quase uma hora esperando pelo nosso quarto) e o retorno ao Brasil se deu sem mais perrengues.

Estávamos nos despedindo de Lisboa. Até breve! Acervo pessoal de Raquel Milagres de Mattos

E aí, achou que acabaram nossos perrengues? Esses foram o do final da viagem, mas ainda preciso contar sobre a nossa estada em Paris (ó, uma bosta). Mas isso é assunto para o próximo post. Dinheiro é bom economizar, mas tem certas horas que não dá. Melhor gastar mais um pouco!

Abraços literários!

Até à próxima!

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